Viagem ao Brasil, 1865-1866

desenvolvimento da metade superior; Pará tornou-se o centro de todas as atividades e drena, por assim dizer, toda a região sem vivificar o interior: o grande rio, que devia ser uma grande estrada interprovincial, tornou-se um curso d’água local, poder-se-ia dizer. Suponhamos por um momento que o Amazonas, ao contrário, como o Mississipi, se tornasse o limite entre uma série sucessiva de províncias autônomas situadas em cada qual de suas margens; suponhamos que, na vertente meridional, tivéssemos a Província de Tefé, indo da fronteira do Peru ao Madeira; deste rio ao Xingu, a Província de Santarém; e que a Província do Pará se reduzisse ao território compreendido entre o Xingu e o mar, acrescentando-se-lhe a Ilha de Marajó; sendo cada qual dessas divisões ao mesmo tempo limitada e atravessada por grandes cursos d’água, a toda a região estaria assegurada uma dupla atividade pela concorrência e emulação nascidas de interesses distintos. Da mesma forma, seria mister que os territórios situados ao norte também fossem divididos era várias províncias independentes, a de Monte Alegre, por exemplo, indo do oceano até o Rio Trombetas, a de Manaus entre o Trombetas e o Negro, e talvez a de Japurá compreendendo toda a região selvagem situada entre os rios Negro e Solimões. Não se deixará de objetar que tal transformação acarretaria a criação de um estado-maior administrativo absolutamente desproporcionado ao efetivo da população atual. Mas o governo dessas províncias, pelo número reduzido de habitantes que teriam, poderia ser organizado como o dos territórios que, nos Estados Unidos, são o embrião dos Estados; estimularia as energias locais e desenvolveria os seus recursos, sem estorvar a ação do governo central. Aliás, quem quer que haja estudado o funcionamento do atual sistema do Vale do Amazonas, ficará convencido de que, longe de progredirem, todas as cidades fundadas de um século para cá ao longo do grande