na água, quer sejam cetáceos, quer tartarugas, peixes, crustáceos ou moluscos. Basta um conhecimento superficial dos peixes-voadores para reconhecer que os órgãos do voo são, neles, construídos exatamente sob o mesmo tipo das nadadeiras peitorais da maioria dos peixes, e diferem inteiramente da asa das aves e da dos morcegos. Esta última é, por todos esses caracteres essenciais, uma verdadeira pata idêntica a dos quadrúpedes comuns, exceto o comprimento dos dedos e a ausência de unhas na extremidade dos dedos mais longos. Não é, pois, de admirar se o voo dos peixes-voadores difere completamente do das aves e dos morcegos.
Tive ocasiões frequentes de observar atentamente os peixes-voadores. Estou convencido de que não somente mudam a direção do seu voo, como também o plano em que movem se eleva e se abaixa muitas vezes antes que voltem de novo à água. Evito de propósito a expressão cair, pois que todos os atos desses animais durante o voo me parecem completamente voluntários. Elevam-se acima do nível das águas por movimentos bruscos da cauda rapidamente repetidos, e por mais de uma vez os vi se aproximarem do oceano para aí reproduzirem o mesmo movimento; renovam assim o impulso e se põem em condições de prosseguir em sua viagem no ar durante muito tempo. Às mudanças de direção, tanto para a direita como para a esquerda, para o alto ou para baixo, não são devidas ao bater de asas, são o resultado duma inflexão de toda a sua superfície num e noutro sentido, em virtude da contração dos músculos que presidem aos movimentos das raias das nadadeiras. É a pressão do ar contra estas que determina o movimento. O peixe-voador é realmente um volante animado, capaz de dirigir a sua marcha estendendo a sua larga nadadeira em diferentes ângulos; ele se conserva no ar provavelmente até que a necessidade de respirar o obriga a