Viagem ao Brasil, 1865-1866

quanto pude levar as minhas observações, a diferença essencial entre as raças indígena e negra é a altura e a forma quadrangular do tronco, aliadas à curteza dos membros na primeira, e o arcabouço estreito, o tronco curto, as pernas altamente talhadas e os braços cumpridos na segunda.

Outro traço não menos impressionante, embora não afete tanto a forma geral, é o pescoço curto e as espáduas largas do índio; essa particularidade é quase tão marcada na mulher como no homem, tanto assim que vista de costas a índia tem inteiramente o aspecto masculino; essa semelhança se estende mesma a toda a fisionomia, pois os traços do rosto raramente apresentam a delicadeza feminina que se observa nas raças superiores. No negro, pelo contrário, a estreiteza do peito e dos ombros, característica da mulher, é quase tão marcada no homem. De sorte que se pode dizer que a mulher índia é notável pelas suas formas masculinas enquanto que o negro o é igualmente pela sua aparência feminina. A diferença, entretanto, proveniente da diversidade dos sexos não é tão marcada nas duas raças; a mulher indígena assemelha-se muito mais ao homem do que a negra ao negro; as negras têm geralmente os traços mais delicados que os homens de sua raça.

Se se passa ao exame dos detalhes que se relacionam com essas diferenças gerais, percebe-se que estão de inteiro acordo com elas. Entre a índia e a negra vistas de frente, a grande diferença consiste no afastamento dos seios naquela e sua estreita aproximação nesta; na índia, a distância entre os seios é quase igual ao diâmetro de um deles, ao passo que na negra estão quase em contato imediato um com o outro. E não é tudo: a forma mesma do seio difere muito nas duas mulheres; o da índia é cônico, firme e bem sustentado, e sua ponta de tal modo voltada para fora que o seio parece dirigido