Viagem ao Brasil, 1865-1866

24 de julho de 1837, em Neuchâtel, que havia existido um período glaciário, e que os fatos então adquiridos para a ciência pelos trabalhos tão profundos quanto novos e originais de Venetz e Charpentier, se estendiam além do Vale do Ródano, foi uma geral exclamação de impossibilidade e negação; isso vinha ferir demais as opiniões firmadas e abalava de frente as ideias recebidas da maioria dos geólogos que estavam então à frente da ciência; e o mais célebre deles, Leopold de Buch, retirou-se da sessão exclamando:

O sancte de Saussure, ora pro nobis.

Hoje, apesar das resistências, o período glaciário assumiu o seu lugar na ciência e não existe mais uma só grande obra de geologia publicada, seja pelos governos, seja por particulares, que não leve em conta os traços deixados por esse período.

Em sua viagem ao Brasil e ao Amazonas, o Sr. Agassiz acaba de acrescentar um novo capítulo a essa extraordinária história dos fenômenos glaciários, capítulo ainda mais extraordinário, se é possível, do que o fenômeno mesmo, pois o Sr. Agassiz o foi buscar não somente no Hemisfério Sul, mas mesmo sob os trópicos, naquelas regiões equinociais da América, celebradas por de Humboldt e Bompland. E se ainda em nossos dias há geólogos que neguem a antiga extensão dos geleiros e não acreditem na existência de um período glaciário, terão aqui uma bela ocasião para estenderem a litania do falecido Leopold de Buch e exclamarem:

O sancte de Humboldt, ora pro nobis.

O Sr. Marcou começou por salientar o caráter de generosidade que presidiu a todas as despesas e fretes