Viagem ao Brasil, 1865-1866

com a partida de algum, sei desde já que não ficará desapontada.

De todo o meu coração, o teu

Louis.

Em viagem, 7 de julho de 1866. Minha querida e boa Mãe,

Ao receberes esta, espero que já estejamos em Nahant, onde nos esperam nossos filhos e nossos netos. Amanhã, devemos tocar em Pernambuco, donde os vapores franceses te levarão estas linhas.

Deixo o Brasil com grande pesar; nele passei perto de 15 meses, gozando ininterruptamente as belezas dessa incomparável natureza tropical, aprendendo muita coisa que ampliou o círculo das minhas ideias sobre os seres organizados e a estrutura da terra. Encontrei traços de geleiras sob este céu escaldante, prova que o nosso globo sofreu mudanças de temperatura ainda mais consideráveis do que os glacialistas mais avançados ousavam conceber. Imaginem-se, realmente, se possível, gelos flutuando sob o Equador, como hoje nas costas da Groenlândia, e far-se-á provavelmente uma ideia aproximada do aspecto do Oceano Atlântico nessa época.

Mas foi sobretudo na Bacia do Amazonas que as minhas pesquisas se viram coroadas do mais completo êxito - Spix e Martius, a respeito de cuja viagem escrevi, como estás sem dúvida lembrada, a minha primeira obra sobre peixes, haviam trazido umas 50 espécies e o total das espécies hoje conhecidas, somando os resultados de todos os viajantes que se lhes seguiram, não chega a 200; esperava, portanto adicionar apenas