o respeito. Assim foi e assim havia de ser porque assim o tínheis vós prometido pelo profeta: Flagellum non appropinquabit tabernaculo tuo. (Psal. XC — 10). Pois, Filho da Virgem Maria, se tanto cuidado tivestes então do respeito e decoro de vossa Mãe, como consentis agora, que se lhe façam tantos desacatos? Nem me digais, Senhor, que lá era a pessoa, cá a imagem. Imagem só porque Oza a quis tocar, lhe tirastes a vida. Pois se então havia tanto rigor para quem ofendia a imagem de Maria, por que o não há também agora? Bastava então qualquer dos outros desacatos às coisas sagradas, para uma severíssima demonstração vossa ainda milagrosa. Se a Jeroboão, porque levantou a mão para um profeta, se lhe secou logo o braço milagrosamente, como aos hereges ficam ainda braços para outros delitos? Se a Baltasar, por beber pelos vasos do templo em que não se consagrava vosso sangue, o privastes da vida e do reino, por que vivem os hereges que convertem vossos cálices a usos profanos? Já não há três dedos que escrevam sentença de morte contra sacrílegos?
Enfim, Senhor, despojados assim os templos, e derrubados os altares, acabar-se-à no Brasil a cristandade católica; acabar-se-à o culto divino; nascerá erva nas igrejas como nos campos; não haverá quem entre nelas. Passará um dia de Natal e não haverá memória de vosso nascimento; passará a Quaresma e a Semana Santa, e não se celebrarão os mistérios de vossa Paixão. Chorarão as pedras das ruas, como diz Jeremias, que choravam as de Jerusalém destruída; Viae Sion lugent, eô quôd non sint qui veniant ad solenitatem: (Thrent. I — 4). Ver-se-ão ermas e solitárias, e que as não pisa a devoção dos fiéis, como costumava em semelhantes dias. Não haverá missas, nem altares, nem sacerdotes que as digam; morrerão os católicos sem confissão nem sacramentos; pregar-se-ão heresias nestes mesmos púlpitos, e em lugar