Por Brasil e Portugal

de São Jerônimo, e Santo Agostinho, ouvir-se-ão e alegar-se-ão neles os infames nomes de Calvino e Lutero, beberão a falsa doutrina os inocentes que ficarem, relíquias dos portugueses; e chegaremos a estado que se perguntarem aos filhos e netos dos que aqui estão: Menino, de que seita sois? Um responderá: eu sou calvinista; outro: eu sou luterano. Pois isto se há de sofrer Deus meu? Quando quisestes entregar vossas ovelhas a São Pedro examinaste-o três vezes se vos amava: Diligis me, diligis me, diligis me? (S. Joan. XXI — 15). E agora as entregais desta maneira, não a pastores, senão aos lobos? Sois o mesmo, ou sois outro? Aos hereges o vosso rebanho? Aos hereges as almas? Como tenho dito, e nomeei almas, não vos quero dizer mais. Já sei, Senhor, que vos haveis de enternecer, e arrepender, e que não haveis de coração para ver tais lástimas, e tais estragos. E se assim é (que assim o estão prometendo vossas entranhas piedosíssimas), se é que há de haver dor, se cessem as execuções agora, que não é justo vos contente antes o de que vos há de pesar em algum tempo.

Muito honrastes, Senhor, ao homem na criação do mundo, formando-o com vossas próprias mãos, informando-o, e animando-o com vosso próprio alento, e imprimindo nele o caráter de vossa imagem e semelhança. Mas parece, que logo desde aquele mesmo dia vos não contentastes dele, porque de todas as outras coisas que criastes, diz a Escritura que vos pareceram bem: Vidit Deus quôd esset bonum (Genes, I — 10) e só do homem o não diz. Na admiração desta misteriosa reticência andou desde então suspenso e vacilando o juízo humano, não podendo penetrar qual fosse a causa, porque agradando-vos com tão pública demonstração todas as vossas obras, só do homem, que era a mais perfeita de todas,