Por Brasil e Portugal

ajuntar a cabeça ao tronco, levantar-se o morto vivo, pasmarem todos, e não crerem o que viam, ficando só da ferida um fio sutilmente vermelho para fiador do milagre? Pois por que o não fez Santo Antonio assim? Se tinha virtude milagrosa para ressuscitar; se ressuscitou ali um morto; se ressuscitou outros muitos em diversas ocasiões; por que não esperou um pouco para ressuscitar também a seu pai? Por quê? Porque era seu pai. Aos estranhos ressuscitou-os depois de perderem a vida; a seu pai defendeu-lhe a vida, para que não chegasse a perdê-la; aos estranhos remedeia; mas ao seu sangue preserva. Cristo Senhor nosso foi redentor universal do gênero humano, mas com diferença grande. A todos os homens geralmente livrou-os da morte do pecado, depois de incorrerem nele; mas a sua Mãe preservou-a, para que não incorresse; aos outros deu-lhes a mão, depois de caírem; a sua Mãe teve-a mão, para que não caísse; dos outros foi redentor por resgate; de sua Mãe por preservação. Assim tambem Santo Antonio. Aos estranhos ressuscitou-os depois de mortos; a seu pai conservou-lhe a vida para que não morresse; que essa diferença faz o divino português dos seus aos estranhos. Para com os estranhos é recuperador das coisas perdidas, para com os seus é também preservador de que não se percam. Por isso com bem ocasionada propriedade se compara hoje no Evangelho ao sal: Vos estis sal terrae. O sal é remédio da corrupção, mas remédio preservativo não remedeia o que se perdeu; mas conserva o que se pudera perder, que é o que temos necessidade.

Suposto isto, nenhuma parte lhe falta a Santo Antonio, antes todas estão nele em sua perfeição, para o ofício que lhe consideramos de procurador do céu nas nossas cortes. Como tal dirá o Santo hoje seu parecer a respeito da conservação do reino; e esta será a matéria