Por Brasil e Portugal

Pães da Proposição seriam perpetuamente da Arão e seus descendentes, e que os comeriam os Sacerdotes, e não outrem, por ser pão santo e consagrado a Deus. Esta é a verdadeira inteligência do texto, conforme uma glossa de fé no capítulo sexto de São Lucas. Pois se os Pães da Proposição eram próprios dos Sacerdotes, e nenhum homem secular podia comer deles licitamente, como os deu a David um Sacerdote tão zeloso como Achimelech; e como os tomou para seus soldados um rei tão santo como David?

Não temos menor intérprete ao lugar, que o Sumo Pontífice Cristo, Autor e Expositor de sua mesma Lei. Aprova Cristo esta ação de David no capítulo segundo de São Marcos, e diz assim: Nunquam legistis, quid fecerit David quando necessitatem habuit? Quomodo introivit in domum Dei, et Panes Propositionis manducavit, quos non licebat manducare nisi sacerdotibus et dedit eis, qui cum eo erant?(234)Nota do Autor Nunca lestes o que fez David quando teve necessidade, como entrou no Templo de Deus, como tomou os pães, que não era lícito comer senão aos sacerdotes, e os deu a seus soldados? De maneira que a total razão, por que aprova Cristo entrar David no Templo, e tomar o pão dos sacerdotes é porque o fez o rei, quando necessitatem habuit, quando teve necessidade; porque quando estão em necessidade os reis, é bem que os bens eclesiásticos os socorram, e que tirem os Sacerdotes o pão da boca para o sustentarem a ele, e a seus soldados. Assim declara Cristo que precede o direito natural ao positivo, e que pode ser lícito pelas circunstâncias do tempo, o que pelas Leis e Cânones é proibido.