Por Brasil e Portugal

disse, que antes quisera ser tão bizarramente vencido, que com tanta desigualdade vencedor. Oito mil homens eram os que sitiaram tão poucos,(256)Nota do Autor e depois de não admitirem embaixadas, depois de se não renderem a baterias, depois do rebaterem duplicados assaltos, tendo-lhes levado um caso grande parte de tão pequeno número, primeiro desprezaram a morte, querendo ser voados, do que consentiram a vida aceitando partidos. Enfim, as armas agressoras, sem oposição ofensiva, campearam livremente, e nem por isso nos deixaram com grandes danos, ou se recolheram com grandes vantagens.

Mas as matérias da opinião são muito delicadas, e a consciência da honra não admite escrúpulos. É certo que o seu exército entrou sem resistência, e se recolheu sem oposição; e basta que entrasse e saísse para que nos não deixasse a casa airosa. As batalhas são desafios grandes, e ter aguardado no posto nunca deixa acreditado a quem não saiu. Destruir e edificar são dois grandes argumentos de poder. Por estes termos explicou Deus o poder que dava ao profeta Jeremias: Ut destruas, et dissipes, et aedifices, et plantes. (Jerem. I — 10) Vede se terão ocasião para blasonar que entraram em Portugal vitoriosos os que deixam um forte demolido e outro edificado. Um arco triunfal edificou Saul pela vitória de Amalec; e quantos arcos levantaram as trombetas da sua fama por dois que nos quebraram de uma ponte? Que escreveram, que publicaram pelo mundo? Se de duas aldeias,(257)Nota do Autor que nos entraram, fizeram suas gazetas duas