Por Brasil e Portugal

que era tão belicoso, e não perdia ocasião de guerra, porque não quis esta vez dispor a batalha, e que o exército se governasse por suas ordens? Divinamente Santo Ambrósio: David metuebat vincere; David nesta batalha tinha medo de sair com vitória; por isso não saiu. Notai. Esta batalha era contra Absalão, filho do mesmo David; e como os pais sentem mais as perdas dos filhos que as suas próprias, ainda que David mandava dar a batalha como rei, temia que Absalão ficasse vencido como pai. E porque David antes temia, que desejava a vitória, por isso nesta ocasião se deixou ficar na corte, e não quis sair em campanha. Ficar o rei na corte é diligência para ser vencido, sair à campanha, é certeza de haver de ser vencedor. E como temos a el-rei na campanha e não na corte, bem nos podemos prometer a vitória. Temos tudo o que os israelitas desejavam, quando pediram rei a Deus: Egredietur ante nos, et pugnabit bela nostra pro nobis. (1. Reg. VIII — 20). Grave caso é que tendo aqueles homens a Deus, que os governava na paz e na guerra, se não dessem por contentes, e que sobre isto instassem ainda e pedissem um rei que saísse com eles às batalhas; mas o motivo que tiveram foi porque ainda que conheciam que Deus é o Senhor das vitórias, parecia-lhes que humanamente desta maneira as seguravam melhor. Ter a Deus no céu e o rei no campo é ter a primeira causa e mais as segundas.

Sobretudo vai conosco, e marcha no nosso exército a justiça da nossa causa. Não sei se tendes reparado que o primeiro homem que morreu neste mundo fosse Abel. A morte é de fé que entrou no mundo em castigo de pecado: Per peccatum mors, (Rom. V — 12) diz São Paulo. Suposto isto, parece que o primeiro morto havia de ser o primeiro pecador, e não o primeiro inocente. Pois se Abel era o primeiro inocente, e Adão o primeiro