persequentibus me, et libera me, nequando rapiat ut leo animam meam, dum non est, qui redimat, neque qui salvum faciat. (Psal. VII — 2 e 3) Deus meu, e Senhor meu, (diz David) só em vós espero; defendei-me e livrai-me de meus inimigos, para que me não espedacem e tirem a vida com leões; pois vedes que não tenho quem me ajude nem me defenda. Repara muito São Chrysostomo nesta última cláusula da oração de David; e contra ela, e contra ele replica assim: Collegit exercitum, et multos secum habuit: quomodo ergo non est qui redimat, neque qui salvum faciat? Se David tinha feito as maiores levas de gente; se David tinha consigo o mais florente e poderoso exército; se David (que isso só bastará) se tinha a si mesmo o seu valor, a sua experiência, a sua espada, como diz, que não tem quem o ajude nem o defenda? Bem diz David, responde Chrysostomo: Quoniam ne universum quidem orbem terrarum auxilii loco habet, nisi opem divinam fuerit assequutus. Sabia David como santo e como soldado, que ainda que tivesse consigo conjuradas e unidas todas as forças do mundo, se não tivesse a Deus de sua parte, nada lhe podiam valer; por isso cercado de guardas e de batalhões, e no meio do mais poderoso exército diz e protesta a Deus com muita razão que não tem quem o livre, nem o defenda: Dum non est, qui redimat, neque qui salvum faciat. Assim entendia David as matérias da guerra, e assim as devemos nós entender, se queremos ter bom sucesso.
De tua misericordia praesumentem. Ponhamos toda a nossa confiança na misericórdia divina, e façamo-nos dignos dela, se queremos sair com vitória.
Humilhemo-nos diante de Deus; reconheçamos que de sua onipotente mão depende todo nosso remédio; reverenciemos com temor seus ocultos juízos; lembremo-nos de quantos reinos e monarquias se perderam em um dia e em uma