e menores dela seguissem este exemplo em parte das noites, que confiadamente me atreveria eu a lhe prometer que para o feliz e desejado fim de tantas prevenções e aparatos bélicos, não faltaria Deus em lhe dar um bom dia!
Nenhum general teve neste mundo maior nem melhor dia que Josué, governador das armas de Israel na conquista da terra das Cananeas. Deu batalha aos madianitas, rotos já e fugitivos quando o sol principiava a se esconder no ocaso; e para que pudesse prosseguir e acabar a vitória, como se o sol fora soldado seu, mandou-lhe Josué que parasse; e parou, ou fez alto o sol. Diz a história sagrada, que nem antes nem depois houve tão grande dia: Non fuit antea, nec postea, tam longa dies: (Josué X — 14) grande na duração, grande na vitória, grande no império do general, e mais que grande na obediência do mesmo Deus à voz de um homem, Obediente Deo voci hominis. Mas por que deu Deus a Josué um tal dia? Porque o tal Josué dava a Deus as noites. Antes de dar princípio a toda aquela conquista nos arrabaldes da cidade de Jericó, saiu Josué de noite ao campo a orar como costumava, quando subitamente viu diante de si um vulto armado de armas brancas com a espada desembainhada na mão. Noster es, an adversariorum? Sois nosso, ou dos contrários? perguntou sem o perturbar a visão; e São Miguel, que era o armado, respondeu: eu sou o príncipe dos exércitos de Deus, que em seu nome vos venho assistir e ajudar para que em tudo o que empreenderdes sejais vencedor. Que muito logo, que Deus desse um dia tão grande, e tantos outros dias, a quem assim os partia com Deus? Maior visão foi a do nosso primeiro Afonso na noite daquele dia em que amanheceu rei, pois viu e ouviu ao Senhor dos anjos, que de sua boca lhe deu o título e lhe assegurou o reino. Mas que fazia então o valoroso e devoto príncipe? Vigiava