Os mitos africanos no Brasil: ciência do folclore

na cintura. Deixou cair o pote, que se fez em pedaços, e abriu na carreira, os cabelos em pé, assombrada, sem se lembrar do feixe de lenha. A Cachorra, mais ligeira, ia por atalhos, aparecendo aqui e ali, muitas vezes.

Chegou em casa, trêmula de medo, a alma a lhe sair pela boca, mas a Cachorra já tinha se despido e estava perto, disfarçando como que procurasse alguns um osso pra roer na beira da casinha.

Os moradores do lagar correram a acudir a mulher, mas, por alguns terem visto Quibungo, atinaram que havia também uma "visagem" e combinaram acabar com ambos.

A Cachorra correu para o mato, vestiu-se de mulher e foi onde estava Quibungo. Contou-lhe o que havia. Então concertaram o plano de uma arruaça no terreiro em que os atacantes se reuniam com armas e pedras.

No caminho, encontraram o marido da mulher perversa, montado num cavalo, que já voltava de viagem. Quibungo meteu-o com animal, selas e tudo na barriga das costas.

Estava o povo todo reunido, a mulher dizendo que a "visagem" havia de ser o próprio marido, quando a Cachorra apareceu num canto do terreiro, em pé, vestida de mulher, e Quibungo do outro, abrindo a boca das costas e botando pra fora o marido, montado no cavalo

O povo assombrou-se e correu para todos os lados. A mulher perversa teve o castigo merecido. A Cachorra acuou-a e Quibungo, — paco! — socou-a no "salão escuro", onde passou anos sem ter com quem falar, amansando o gênio e compreendendo que a mulher deve honrar o marido sem nunca injuriá-lo.

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