assim o sentimento de sua voz que parecia vir de muito longe. O passarinho, sem se mover de um galho seco, todo encorajado, também cantava, por música, a cantiga de dor do filho da princesa pobre.
Ela compreendeu tudo, mas a fama do noivo, de mau e desumano corria mundo. E chorou.
No palácio, não se sabe como, a mesma hora, todos choravam, até os embaixadores. E estes, vendo que também as paredes começavam a chorar e os móveis a soluçar, resolveram partir para o seu país.
E meteram-se na estrada, todos macambúzios, levando a puxar um camelo um pobretão-esmoler que eles não sabiam ser Chibamba que se encantara em homem.
Por onde passavam, as plantas choravam e morriam. Os bichos também, águas borbulhavam e sumiam-se. A seca ia com eles, torrando tudo, fazendo impossível o cumprimento da palavra do príncipe feioso.
Bem não haviam os embaixadores se aproximado do Palácio de seu futuro rei e todos eles e os de sua comitiva perderam a fala. Diante do príncipe, só o pobretão conseguiu, por meio de gestos, dar a entender estarem mortos de sede e de fome. Dias depois, quando puderam falar, nada conseguiram dizer, pois se haviam esquecido de tudo.
A seca ia esturricando todas as terras do feioso até que ele, empobrecendo a galope, resolveu reunir os adivinhos para que lhe dissessem a razão da impiedade de um tal castigo. No dia combinado, um a um entrava e, em segredo, pois o príncipe os separou para não se comunicarem, todos disseram a mesma coisa: -
- Desde o dia em que uma princesa muito linda amou um príncipe que se fez jardineiro, que o Destino, vestido de pobretão, leva, por onde passa, a tristeza, a fome, a sede, a ruína e a morte.