Os mitos africanos no Brasil: ciência do folclore

mais formoso que havia na terra e marido de uma princesa muito linda que se esquecera do compromisso que havia contraído com "sua alteza".

Juntaram-se todos, inclusive o príncipe feioso, que voltou ao que era e logo foi coroado rei, para matarem o cantor, que havia desaparecido, e prenderem o príncipe jardineiro e sua formosa mulher.

Quando iam se fazendo a caminho, — muitos soldados, muitos animais, muitas armas, camelos e elefantes carregados de mantimentos, — uma tempestade de raios separou as terras do feioso das outras terras, fez dela uma ilha que os ventos levaram para o meio do mar, longe, bem longe, onde ainda hoje se ouve, de bem distante, levada pelos ventos, a cantiga do Jardineiro que faz as folhas rirem-se, as flores cantarem e tudo dançar de alegria e de felicidade.

Chegamos ao fim desta segunda parte e não ao termo deste livro, inicial de outros que virão a seu tempo.

A época das ilusões já passou. Nina Rodrigues e Artur Ramos abriram caminhos novos à Ciência do Folclore e Silva Campos forneceu muitos elementos para estudo. Assim a obra do Folclorista brasileiro evoluiu: iluminou-se muito no passado, mas agora se volta ao passado para iluminá-lo. É porque de tudo isso ressalta uma verdade:

O Folclore Afronegro e o Folclore Ameríndio são quase as únicas fontes dos Contos Tradicionais brasileiros. Não há "mestres", nem "escolas" e nem "autoridades" que resistam à força e à abundância das provas que ainda virão a lume.

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