História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

Uma manhã muito nevoenta favoreceu o animoso projeto do marechal. Antes que rompesse o dia, tínhamos atravessado o aludido rio e avizinhávamos, no maior silêncio, do acampamento inimigo. Os republicanos instruídos, pelos muitos espiões que contavam no exército brasileiro, do avanço das nossas tropas sobre Serrito, não suspeitavam que o marechal, exorbitando as ordens recebidas, lhes fosse fazer uma visita no seu próprio território. Por isso deixaram-se ficar no maior descuido, enviando apenas aviso do perigo que o ameaçava ao coronel Latorre, que comandava em Serrito. O momento parecia nos favorecer; enquanto a infantaria, oculta às vistas do inimigo pelo denso nevoeiro, avançava de mansinho, uma partida da nossa cavalaria impelia em direção à fronteira quantidade considerável de bois e de cavalos que pastavam naquelas gordas baixadas. Pelas oito horas da manhã chegamos, finalmente, junto a um grande edifício branco, onde encontramos os primeiros soldados inimigos. Suspeitavam tão pouco da nossa aproximação que, sem ser disparado um só tiro, foram todos aprisionados; dos prisioneiros soubemos que o acampamento, no qual devia haver cerca de três mil homens, exclusivamente de cavalaria, ficava distante dali menos duma hora. Entrementes, o nevoeiro se adensava cada vez mais; o inimigo, para se defender, teria primeiro que pegar os cavalos, soltos sem peias nos vastos