CAPÍTULO II
D. Pedro regressou, pois, com temerosa celeridade à sua capital; ali viu que ainda nada estava perdido e sentiu-se de novo imperador.
Pode o seu coração ter longa e profundamente gemido com a perda sofrida pois, à sua dor juntavam-se amaríssimo arrependimento e a torturante consciência da sua culpa; mas, ele atordoou a voz da consciência com ideias tresloucadas, novos projetos, prazeres sensuais, e desesperados planos de ação, de antemão seguro da vitória. Mas, quantas vezes, nas suas horas soturnas, não o teria torturado a lembrança do seu extinto espírito protetor, e o supliciado a previsão sinistra duma próxima e terrível desventura! Na realidade, eu posso, sem pretensão à nomeada dum falso profeta, afirmar que, se Leopoldina tivesse vivido mais tempo, D. Pedro não teria sido destronado, nem talvez, houvesse morrido miseravelmente na flor dos anos — da mesma sorte que a queda de Napoleão foi, originariamente,