A muitos dos cabeças da gente que, nas trevas da noite, se juntava para conspirar, eram impelidos pela vingança a empreender um movimento que, apesar da ausência do imperador, era ainda assim assaz arriscado. Entre estes últimos contava-se o nosso ex-general um chefe, de modo indigno destituído do comando, o atrás mencionado marquês de Barbacena. Depois que perdera o favor do soberano, depois que desaparecera a esperança de poder ser ainda o intermediário de empréstimos usurários da Inglaterra ao Brasil, e que lhe proporcionassem ensejo de aumentar ainda mais os seus incalculáveis haveres; depois que para ele não havia mais títulos de general nem condecoração, jurou ódio ao outrora queridíssimo imperador. De que tomava a sério semelhante juramento testemunhava a súbita e estranha generosidade do conhecido avarento; nada poupava, nem influência, nem intrigas, nem dinheiro para reunir toda a canalha tresmalhada e ganhá-la para os seus planos; as belas e luzentes piastras espanholas voavam como moedas de cobre por todos os cantos da capital e, naturalmente, havia abundância de mãos sujas para as apanhar.
Uma parte dos conspiradores, e era a grande maioria deles, era, pois, impelida à participar da conjuração pela cobiça e a ambição; a outros movia o desejo da vingança insaciada, e a raros o genuíno amor da pátria. Entre os primeiros