História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

então naquelas regiões já começa a ser verão, tivemos ordem de marchar para Porto Alegre e, embarcando ali, seguimos através da Lagoa dos Patos para São Francisco de Paula, donde devia se encetar, com dobradas forças, a nova campanha.

Foi assim que eu fiz, nas estepes do império transatlântico, uma penosa campanha; realizei no interior do seu corpo gigante, como lonas no ventre da baleia, uma interessante viagem de exploração e, por fim, como aquele pequeno profeta, tive uma terrível exortação à penitência — era, portanto, um herói, um apóstolo! Pelo menos assim sonhava eu, e um segundo-tenente, no Novo como no Velho Mundo, está limitado às importantes alegrias dos sonhos. Uma bala roçara de leve o meu braço esquerdo, o meu sangue correra pelo meu imperador, o tirano estrangeiro a quem eu me entregara; sentia-me feliz no meu tresloucado orgulho e não mandei pôr uma manga nova à minha farda. Louco que eu era! Que deve um déspota ao seu soldado mutilado? O privilégio de mendigar é a sua real gratidão. Mas, eu devaneava ainda com o pensamento nos louros — ah! eu não sabia ainda que o loureiro não cresce no Brasil, que um escravo comprado pode, como Cocles, votar-se à morte sem que possa pretender à glória, ao amor, à imortalidade!