Pelo contrário, não me seria difícil nomear aqui personagens ilustres, desde Salomão até o último sultão, que nada perderam do seu valor próprio por frequentar mulheres bronzeadas.
Homens de estado, guerreiros heroicos, poetas, todos provaram igualmente o acepipe do amor africano.
As mais harmoniosas estâncias de Camões (sem mesmo excetuar os versos de Os Lusíadas) são ainda as que ele compôs aos pés de Barbara, e que já recordamos atrás.
Somos forçados a reconhecê-lo: essas criaturas (que é preciso não confundir com as moças das flores e dos perfumes) (5) são encantos poderosos para triunfar do odioso preconceito da cor, e poder curvar, com os braços cheios de cadeias — no país de escravos — a fronte altiva de senhores implacáveis.
Essa fato incontestável bastaria por si só para afirmar a soberania do prestígio que a beleza encerra.
Com efeito, o senhor, que se gaba de não ter senão sangue azul nas veias, paga a sua dívida à sociedade, desposando uma branca; mas, logo que um herdeiro lhe nasce, ele abandona a mulher da sua raça por uma rapariga de cor.
Assinalaremos daqui a pouco as consequências deploráveis que esse comércio, autorizado pelos costumes coloniais, produz no seio da família.
Por hoje, limitar-nos-emos a constatar o arrebatamento que inspiram as mulatas e sobretudo as negras