Mulheres e Costumes do Brasil

Diante desse desdém vingador da moral pública, o infeliz compreende que a sua queda é irremediável.

Ele não elevou a cortesã até a sua pessoa, fazendo-a condessa ou baronesa. Ela sim, rebaixou até a ele a sua vergonha, e esta é indelével.

O remorso, então, completa a sua obra, que muitas vezes os espirituosos acham fácil.

A mulher de cor está longe de ser tão perigosa. O seu comércio não atinge absolutamente a independência do espírito e não compromete em nada a honra (já não digo a felicidade) das famílias.

Não é o seu coração que se deseja conquistar, porém as suas formas incomparáveis. Não existe para ela uma troca de ideias ou de sentimentos. Se, às vezes, a sua pessoa inspira ciúmes, nunca será por causa dos seus desejos nem dos seus pensamentos. O homem a quem a sua beleza seduziu não tem senão um intuito: a posse; e assim como ele não procura nela mais do que uma satisfação física, não se empenha nessa ligação nenhuma parte do seu moral.

O orgulho, aliás, é a sua melhor defesa: nunca um branco se casaria com uma mestiça.

Eis por que a paixão ardente que arrasta o colono para a mulher de cor jamais produz os desastrosos efeitos que ocasiona forçosamente o interesse pela cortesã branca.

Citem-me alguma obra considerável que tenha sido inspirada pela beleza venal!