Sem querer rebaixar as mulheres de cor ao nível das sacerdotisas do antigo continente, não será lícito notar que essas produzem, fisicamente, efeitos análogos sobre o seu meio?
As pomadas e essências de que as comediantes fazem uso diário impregnam suas carnes e suas vestimentas de um cheiro particular, que inunda a atmosfera em que elas vivem. Esse cheiro, repugnante a princípio, e que a paixão unicamente poderá impor às naturezas nervosas e débeis, acaba, depois de uma frequência habitual, por ser necessário e indispensável. Completa a harmonia terrível, que contém o amor atormentado, despótico, corrosivo da cortesã. As capitosas emanações do almíscar correspondem às emoções violentas que se sentem perto dela. Umas atordoam o cérebro, ao passo que as outras torturam o coração, subjugando-o.
Pois bem. Há homens que são atraídos pelos perfumes suspeitos que exalam tudo o que se refere à cortesã. Somente os enfeites, as essências, os pós agem em seus órgãos já saciados, e quanto mais uma mulher está coberta de perfumes e pinturas, mais eles a procuram.
Isto (que ninguém se iluda) é a prova de uma dupla depravação.
A mentira no amor corresponde à falsidade na pele. Da mesma forma que a corrupção dos sentimentos traz, como consequência forçada, a decomposição do ar vital.