podem conduzir o preconceito da cor e o exercício de um poder sem limites.
Com a mesma coragem do sr. Moura, deputado do Rio de Janeiro, um publicista brasileiro, o sr. Eugenio do Prado, caracterizou por estas palavras o estado moral e religioso de sua pátria: "Embrutecimento do clero — ausência de crença nas classes superiores — uma mistura de idolatria, paganismo, superstição e cristianismo nas classes inferiores." (Jornal do Comércio, 20 abril 1857).
O sr. Prado esqueceu-se de atribuir ao escravagismo a responsabilidade de uma situação tão lamentável.
Essa conclusão tiraremos nós em seu lugar.
Não é exclusivamente contra os costumes brasileiros que criaremos um libelo. Esses costumes não são mais que as consequências fatais de uma instituição corrosiva.
Ora, sendo o regime escravagista a consagração legal de todos os erros, superstições, preconceitos, ignomínias e crimes cometidos pela ignorância, não nos resta senão lançar contra ele o brado de guerra do velho Arouet:
"ESMAGUEMOS O INFAME!"
Charles Expilly
Paris, 1863