Mulheres e Costumes do Brasil

e desce até a meio do queixo, deixando a descoberto o maxilar vazio e descarnado.

O orifício circular das orelhas provém do uso constante de pedaços de madeira secados a fogo, que compõem uma parte dos ornamentos dos guerreiros.

O rasgão do lábio inferior tem uma causa análoga. O batoque, apesar da extrema elasticidade da fibra muscular, acaba, com o tempo, rompendo as carnes com o seu peso. Juntam-nas, então, e cosem-nas com um cipó.

Seja porque a operação não tivesse sido feita, ou porque não fosse bem sucedida, o duplo lábio do pajé pende flácido, mole, sobre o queixo.

Apesar de já haver muitos anos que o tio Barrigudo renunciou ao adorno bizarro usado nas tribos selvagens, e que torna tão horrível a cabeça do botocudo bravio, as marcas do batoque subsistem ainda.

Assim, essas orelhas que tocam quase os ombros, como as de um cão de caça, essa boca desdentada e pendente, dão uma expressão repugnante à cara do velho chefe. Somente a sua atitude é respeitável, altiva mesmo, apesar das cordas que ligam suas mãos. Os olhos, aos quais nem a idade, nem o infortúnio conseguiram roubar uma vivacidade austera, refletem um orgulho desdenhoso que é, a despeito de palavras, como o supremo desafio lançado ao vencedor pelo vencido.

Sou contra os historiadores que dotaram os botocudos de uma estúpida indolência e de uma apatia