por enganar os guardas, mataram dois e embarafustaram-se pela mata, onde escaparam a todas as perseguições.
Eu estremecia ainda, considerando o tio Barrigudo que, molemente estendido sobre a relva, parecia gozar de tranquilo repouso causado por completa despreocupação. Essa atitude contrastava com a ferocidade nativa que os brasileiros atribuem à nação botocuda. Os fatos, porém, contados por Valcoreal eram recentes e mais de um velho em São Jorge poderia afiançar a sua autenticidade.
À vista disso, que importância se deveria ligar aos protestos indignados do velho pajé?
Perguntei aos mulatos se já se tinha livrado completamente a região desses medonhos antropófagos.
Declararam que os capitães-do-mato tinham completado a obra dos "soldados da conquista". Naturalmente nem todos os botocudos haviam morrido, visto ainda se contarem mais de cem internados na aldeia de Barra do Salgado, e outros misturados aos índios mongoiós, na aldeia de Santo Antônio da Cruz. Afirmaram, porém, que os bandos errantes dos fundos sertões não iriam além do rio São Francisco e que os "caçadores de cristãos" evitavam ultrapassar os limites da região que ele e seu camarada estavam incumbidos de percorrer.
Esta resposta não me tranquilizou.
O espectro sangrento das três virgens da fazenda, surgindo sempre no meu pensamento, trazia-me singular alucinação.