Mulheres e Costumes do Brasil

bela reclusa batia por ele, e que o amor o provocava a audaciosas empresas, cuja felicidade, uma felicidade misteriosa, seria a recompensa.

Eis a mulher no Brasil durante o domínio português.

No dia em que apareceu o alvará de D. João VI, que abria os portos da rica colônia aos navios de todas nações, o espírito europeu (pagos os direitos alfandegários) pôde penetrar nas cidades. Pregou em vão a emancipação. A escravidão foi mantida, e a mulher, cúmplice do crime, foi duplamente castigada. Quando lhe era tão fácil reconquistar o seu lugar ao lado do homem, pela graça e pela bondade, e subjugar o seu tirano pelos encantos de seu espírito, ela não sonhou senão em comprar trapos e adornar o seu corpo.

O homem dos trópicos não faz muita questão de encontrar uma alma no instrumento dos seus prazeres. O seu ideal pode muito bem se encarnar na figura alentada de uma boa ama de leite. Por sua vez, a sua companheira não experimenta a necessidade de um domínio amável, que excitaria, cada vez mais, o desenvolvimento das faculdades intelectuais. Apesar da pressão dos preconceitos europeus, a mulher conserva um papel apagado no seu interior, porque as suas seduções, puramente físicas, não agem senão pelo instinto e não atingem o ser moral. Se a indolente crioula é completamente isenta de iniciativa (arma temida pelos conquistadores) é porque ignora a arte