a mulher, condenando-a à ignorância e à reclusão perpétua.
O opressor pode fazer sombra e silêncio em torno de sua vítima. Pode privá-la de escrever e até mesmo de falar. Mas não saberá abafar as ardentes aspirações de uma alma entusiasta, nem tão pouco conseguirá proibir a brisa de soprar, as roseiras de florescer, o sol de fulgurar. Ainda mais: o sentimento que ele quer impedir manifesta-se, muita vez, em sua própria presença, quando o amor se intromete.
Na falta de penas e de palavras para comunicar as impressões de um coração ferido, os olhos não dispõem por si mesmos de uma linguagem eloquente, que todo o amante sabe compreender?
E as flores não são emblemas discretos, que falam melhor do que o olhar mais terno, e dizem muito mais do que os expansivos discursos apaixonados?
O selam é fruto do despotismo oriental, todos o sabem. E ainda, apesar da pouca cultura de seu espírito e da vigilância feroz de que eram o objeto, as brasileiras achavam meio de se aproximar daqueles que as tinham encantado e de lhes revelar os seus mais secretos pensamentos. Mesmo no meio dos escravos dedicados aos seus tiranos, as confidências e as mensageiras nunca se atrapalhavam. À noite, quando um admirador passava por baixo de uma janela (são os antigos viajantes que o contam) uma rosa caída a seus pés indicava-lhe que o coração de uma