O Brasil literário: História da literatura brasileira

Ele não deveria ter tratado as aventuras de um homem atirado em meio dos selvagens e adquirindo sobre algumas populações incapazes de cultura, uma influência muito problemática pela superioridade de sua civilização, a pompa e o páthos que só convém às empresas de um herói histórico. Teria interessado muito mais, se tivesse seguido José Basílio, não apenas no tocante à escolha do assunto, como principalmente na maneira de tratá-lo. O estilo assim estaria mais em consonância com o fundo e não o teria prejudicado por sua difusão e monotonia.

Além disso, Durão não enriqueceu a tradição com qualquer invento particular, nem sequer a modificou de maneira original. Deixou mesmo de lado a parte mais atraente, que deveria ter começado o poema, as perseguições de Diogo Álvares por Pereira Coutinho e a vingança de Paraguassu.

Isso não provém apenas do pequeno talento de composição de nosso poeta, como ainda de um motivo mais profundo, não pessoal e por este motivo importante à historia literária. É que, então, o sentimento de dependência da metrópole e da honra dos colonos abafava o sentimento de patriotismo dos brasileiros, para que os portugueses pudessem aparecer a uma luz desfavorável em suas relações com os indígenas. Não se poderia colocá-los agora no primeiro plano e isto só foi possível, como logo mais veremos, depois, da Independência do Brasil.

O amor do solo natal irrompeu com tal força que deixou traços marcados na vida cotidiana e na literatura. Assim, José Basilio da Gama e Durão só puderam preparar Magalhães e Gonçalves Dias. Este fato exerceu grande influência sobre o desenvolvimento da literatura do Brasil, para que não nos atenhamos a ele e não constatemos em nossos dois poetas de um lado o amor da pátria e os primeiros sintomas