O Brasil literário: História da literatura brasileira

todos os impostos atrasados, o que levou ao descontentamento geral de que falamos. Pretendeu-se também que os conjurados o houvessem eleito presidente da república futura, uns negaram isto, outros declararam só haver feito correr este boato para atraírem prosélitos em virtude da estima que cercava o seu nome. Tomás Antônio Gonzaga declarou inocência diante dos juízes e nas poesias que, na prisão, dirigiu a amada. (120) Nota do Autor Damos a "Lira 38", do segundo livro, em que na sua apóstrofe à justiça, pronunciou-se com detalhe sobre estas absurdas calúnias. (120a) Nota do Tradutor Poder-se-ia ao menos censurá-lo pelo menos de ter conhecido os projetos que ele supunha quiméricos e de ter tido muita nobreza para não denunciar os seus amigos. Apesar disto, Gonzaga (121) Nota do Autor foi condenado a 18 de abril de 1792 a desterro perpétuo em Pedras de Angoche, pena que foi mudada em dez anos de exílio em Moçambique.

Perdeu, então, toda a esperança de rever sua pátria e sua amada. Em uma de suas poesias mais tocantes, despedia-se delas, convencido de que ia para a morte. Esta não deveria chegar ainda, mas a sorte do nosso poeta foi mais triste do que imaginara. A 22 de Maio de 1792, era embarcado para Moçambique;(122) Nota do Autor lá quis abraçar a profissão de advogado, mas caiu numa melancolia profunda