O Brasil literário: História da literatura brasileira

para quem estava destinado a ser dois anos depois o Patriarca da Independência brasileira.

Na sua "Ode aos Baianos", temos o seguinte verso:



"Para mim, o Brasil não é mais Pátria."



Para chegarmos à conclusão de que o Patriarca nada tem de romântico, nem é preciso abrir o seu livro. Na capa, em vez de aparecer por extenso o nome do Sr. José Bonifácio de Andrada e Silva, temos o de Américo Elíseo. Ora, este pseudônimo é de ressonância tipicamente arcádica. Pelo menos, tanto quanto Termindo Sepílio, Clauceste Satúrnio, Alcindo Palmireno e outros poetas moradores da Arcádia. De modo que, sem ler o livro, temos o direito de suspeitar que José Bonifácio não é um romântico mas um árcade. E a leitura, então, confirmará a suposição.

José Bonifácio é realmente um clássico de ampla tonalidade arcádica. As suas amadas recordam as pastoras aborrecidas dos árcades. Uma delas é Eulina (o nome de todas as suas mulheres é suspeito de arcadismo) e ele, ao gosto árcade, apresenta a mulher como pastora:



"Amor entre pastores não é crime."



Outra amada arcádica : Nize, com ressonâncias típicas dos velhos poetas da chamada "Escola Mineira":



"Nize, tirana,

Tem dó de Armido."



Outra amada arcádica: Narcina:



"O colo de alabastros nu mostrava

A meu desejo ardente a incauta avara

Com pontiagudas setas que ela hervara

Bando de Cupidinhos revoava..."