oito anos, foi mandado a parentes seus em Lisboa, na esperança de que o clima mais doce de Portugal fortalecesse a sua constituição débil. De fato, melhorou de saúde a ponto de aos 16 anos poder começar seus estudos em Coimbra. Mas precisamente nesta época, a queda de Pombal e da rainha D. Maria I tinham desencadeado uma reação cega, a tal ponto que a Universidade, embora reformada pelo antigo ministro, caiu de novo sob a influência desastrosa da escolástica, toda a aspiração à liberdade sendo reprimida até com o auxílio da Inquisição.
Em tal atmosfera, um espírito tão bem dotado e tão independente como o de Souza Caldas não poderia sentir-se à vontade e diz-se mesmo que deste tempo é que data a melancolia que nunca mais o abandonou. Procurou, então, consolo na poesia e provou toda a extensão de seu talento por fragmentos bem realizados como: "Ao homem selvagem", "As Aves, Noite filosófica".
Mas suas brilhantes faculdades e a sua superioridade intelectual atraíram a atenção do governo. Suas opiniões, que exprimia muito abertamente, tornaram-no suspeito e chegou a ser acusado de maçonaria(156). Nota do Autor A Inquisição, como sempre, não deixou escapar esta oportunidade de persegui-lo; nosso poeta era preso e só deveu a sua mocidade ser punido apenas por um desterro de seis meses junto aos padres catequistas de Rilhafoles, que cuidaram de tirá-lo de seus erros, mediante o apelo a exercícios religiosos.
Entregue à calma do claustro e sob a direção benigna dos frades, cuja amizade conquistara por sua modéstia e dedicação, Souza Caldas estudou com zelo as Santas Escrituras e ouviu pela primeira vez a voz interior que o iluminou quanto a sua vocação. Conservou