um grande reconhecimento por esta congregação, e voltou muito mais tarde a seu aprazível convento para obter o descanso que suspirava. Os monges não tardaram a certificar-se dos sentimentos religiosos do neófito e pediram eles próprios a sua liberdade.
Mas estes acontecimentos só serviram para aumentar a tendência para a melancolia de Souza Caldas e quando, logo depois de sua saída do convento, recebeu a notícia da morte de seu pai, foi tomado de tristeza tão profunda que teve que fazer uma viagem à França para distrair-se. O embaixador de Portugal em Paris, filho do marquês de Pombal, acolheu-o muito bem e fez com que tivesse contato com os maiores sábios de sua terra.
Depois de sua volta a Portugal, Souza Caldas concluiu seus estudos e colou grau. Seus amigos ofereceram-lhe um lugar de juiz no Rio de Janeiro, mas sua resolução de tomar ordens, havia amadurecido e ele partiu para Roma onde contava ordenar-se. Nosso poeta descreve a sua viagem a Gênova numa carta, entremeada de versos dirigidos a seu amigo João de Deus Pires Ferreira, e ele se desincumbe de sua função de maneira muito original e muito poética. Na "Ode ao Criador", composta no estreito de Gibraltar, anuncia e prova o seu desejo de fazer-se cantor sagrado no sentido mais elevado da palavra; grita ao final deste hino grandioso:
Meu Senhor e meu Deus.
Ah! Cante a minha voz, antes que eu morra,
Um hino de louvor ao vosso nome,
Ao vosso nome santo!
Em Roma, não recebeu apenas as insígnias exteriores do apostolado, mas sua alma encheu-se de santidade de sua vocação de poeta religioso. Deu disso