O Brasil literário: História da literatura brasileira

Quando seu confrade Frei Francisco de Montalverne, célebre também como pregador veio vê-lo pouco tempo antes de sua morte, São Carlos tirou de sob o travesseiro os numerosos acréscimos e as correções que fizera ao poema para provar-lhe como tinha levado em conta a crítica, exprimia sua mágoa de não ter visto aparecer a sua segunda edição e contou-lhe da maneira seguinte como lhe veio a ideia desta epopeia: "Durante os longos ócios que a vida me deixava, comecei por devoção e desenfado a compor alguns hinos à Virgem; era uma pura devoção. Depois de ter preenchido algumas páginas, senti em mim o desejo inocente de reunir todos estes cantos num corpo e de dar-lhes uma forma mais extensa e mais digna de minha devoção. Desta maneira, cheguei a usar nobremente meu tempo, enquanto o abreviava, e encontrei ainda um meio de pôr em dia os movimentos de minha alma e de meu patriotismo. No entanto, não havia ideia de poema e muito menos de publicação.

A obra cresceu do meu desejo de a embelezar com algumas descrições brasileiras, com algumas pinturas de nosso belo país. No convento mostrei a alguns de nossos piedosos irmãos, fi-las ver também a alguns distintos leigos, e todos me encorajaram a publicá-la. É antes o desejo de dar uma prova de minha devoção que uma vã gloríola que me fez seguir seus conselhos. Sabei de resto que minha vida sempre foi uma fiel imagem de minha alma." (159a) Nota do Autor