O Brasil literário: História da literatura brasileira

grandes serviços ao país, pois que se tratava de conquistar sua independência pelo entusiasmo e a energia, de conduzir ousadamente através de escolhos a nau do estado. Mas desde que se tratou de lançar a âncora, de chamar a equipagem à disciplina e à ordem, e de submeter os amotinados ao domínio da lei, pôs-se do lado deles e, para atingir um puro ideal, atirou com suas proprias mãos, o navio para a região das tempestades. Os três Andrada, José Bonifácio e os dois irmãos, possuem, não obstante, a glória de estar colocados na primeira linha entre os fundadores da independência brasileira.

Foi assim que um homem que se havia feito a reputação de sábio e tinha voltado à sua pátria para gozá-la em paz, foi levado por seu patriotismo a interromper seus estudos para pôr-se à frente de uma revolução, e ser levado pelas ondas até as mais altas dignidades do Estado. Tudo isto para perder o equilíbrio, descer, voltar à Europa e procurar a paz sob a égide desta mesma Ciência, há tanto tempo abandonada.

Chegado à França, José Bonifácio fixou-se em Bordeus. Foi lá que nas tristes solidões do exílio, consumido do desejo de rever a pátria e de decepções que se tornou poeta. A Ciência tinha desenvolvido seu espírito e lhe havia feito aprender a sondar os segredos da natureza, a política despertara sua sede de atividade e inflamado suas paixões, a poesia deveria fazê-lo conhecer o próprio coração, purificá-lo e elevá-lo acima das decepções da realidade. Cantou os sofrimentos e as alegrias do amor, mergulhando, às vezes, por inteiro nas alegrias do presente e elevando-se até o ditirambo. Cantou as dores do exílio, entusiasmou-se pela liberdade e deu ênfase à sua tristeza e indignação.