O Brasil literário: História da literatura brasileira

Realizou logo a experiência de que o espírito revolucionário, semelhante a Saturno, devora os próprios filhos, e que nada é mais inconstante que o favor popular.

Haviam-se formado, então, no Brasil dois partidos principais.Um se compunha de liberais moderados aos quais se havia juntado o partido legitimista e que se chamava "Caramuru", nome tirado de seu órgão principal. Os homens que o compunham queriam conservar, tanto quanto possível, o atual estado de coisas, fortalecer a monarquia e manter um poder central poderoso. Não admitiam mudanças, senão por via de reformas lentas, mas seguras. Os liberais exaltados, pelo contrário, se haviam reunido num partido republicano e só consideravam a monarquia como uma fase de transição, exigiram uma confederação semelhante à dos Estados Unidos e não recuavam diante de nenhum meio para alcançarem seu fim.

Este último partido, embora minoritário, tinha chegado ao poder, arrastando com ele, como acontece frequentemente em tempos de revolução, a populaça ignorante ou estúpida, que se deixa sempre aterrorizar pelos mais ousados. A regência provisória fora tirada de seu seio e as Câmaras, na sessão de 3 de Maio de 1831, garantiram sua confirmação.

José Bonifácio que a idade, a experiência e o conhecimento do estado de coisas da Europa haviam tornado mais calmo, prudente e moderado, tinha modificado largamente as suas opiniões. Fora sempre um verdadeiro democrata, ou pelo menos tornara-se agora, queria a autonomia do povo, mas sob o domínio das leis, sempre dentro do regime da ordem, queria o progresso e não a revolução. Além disto, estava convencido de que o Brasil só poderia ser preservado