O Brasil literário: História da literatura brasileira

Conservava-se sempre jovem e bela; os que a viram não se esqueciam mais dela e consumiam-se por seu amor. No entanto, não podia suportar a luz do sol; à primeira aparição da aurora, envolvia-se de nuvens espessas de que seu poder mágico envolvia a rocha. É por isso que a chamavam de Nebulosa. Nas noites de luar, via-se-a, vestida de branco, preparar sobre as vagas bebidas mágicas com chamas que os seus olhos acendiam e o orvalho do sol à meia noite, caminhava sobre o mar e sem molhar os pés, sentava-se sobre a rocha negra e penteava as tranças de ouro, que se balançavam ao vento; cantava e ria no mar até a volta da luz, que a fazia retornar a sua morada de nuvens. E assim viveu por muito tempo, sempre jovem e bela. Mas Deus puniu-a. Um dia encaminhou-se para a água, esquecendo-se de pronunciar "as da cabala Satânicas palavras", quando se lembrou já era tarde; seus pés molham-se, ela já se sente afogar-se. Em vão procura reter os braços, a tempestade cerca-a, rugidora, o mar ergue-se, e as vagas espumantes lançam-na contra a rocha negra. Procura agarrar-se mas suas mãos deslizam; olha o céu e vê despontar o dia quo torna inútil sua força mágica; o véu de brumas se dissipa, o abismo a devora e sepulta ao pé da rocha negra. Ninguém viu seu cadáver; sua morte foi tão misteriosa quanto a sua vida. No entanto, conta-se que nas noites de luar, vê-se sobre a ponta deste rochedo um fantasma que suspira profundamente e que um frio extremo o envolve. É a Nebulosa; ela canta e chora; seus acentos enganadores atraem os imprudentes que se aproximam; tomados de loucura súbita, precipitam-se no mar onde por "negros contratos" se submetem ao fantasma.

Eis porque a rocha negra passa por maldita. Infeliz o que a subir sucessivamente durante três noites de luar;