abre-se então; quer dizer a sua sorte à companheira de dores que o Céu lhe envia, contar-lhe o amor que o seu pejo até então havia ocultado. "Atrás desta negra floresta está um belo vale. É lá que eu vivo e vi o dia. Cresci na fartura, amei meus pais, afastado do mundo e abandonado aos sonhos de minha imaginação. Uma primeira desgraça me atingiu: perdi meu pai. Uma noite — já contava mais de vinte anos — fui além do fim comum de meus passeios. De repente, uma voz chocou meu ouvido, tão embriagadora que nada se lhe podia comparar. Esta voz era de uma jovem, bela como o sorriso de Deus. Apaixonei-me dela, mas minhas súplicas foram vãs. Ela não respondeu a meu amor, não me deu mesmo uma esperança e me respondia sempre com o fatal "nunca"... Ela via meu desespero, podia calcular os estragos que a paixão exercia sobre minha vida e compadecia-se de mim, mas repetia sem cessar o terrível "nunca". Recorri, então, a uma feiticeira que morava numa gruta vizinha e perguntei como poderia alcançar o amor da inexorável. Depois de haver por longo tempo refletido, a feiticeira respondeu: "Louros." Neste momento, "a Douda" pergunta ao "Trovador" se não tinha notado alguem na entrada da gruta. "Sim", disse ele, "uma pobre menina de dez anos que me ouvia chorando." Depois continuou seu relato: "Deixei minha mãe para procurar combates, obtive vitórias, ganhei a glória e tive louros, que pus aos pés de minha amada. Porém ela respondeu: "Jamais". Voltei então à casa da feiticeira, recriminei-lhe os infrutíferos conselhos e reclamei um filtro mais poderoso. Depois de ter refletido por longo tempo, ela disse: "Cantos". A "Douda" interrompe de novo o "Trovador", perguntando-lhe se não notou alguém perto da feiticeira. "Sim" disse ele "uma jovem de quinze anos que me contemplava a vida". "Assim é", grita a Douda.