O Brasil literário: História da literatura brasileira

porque veio e quem foi que a mandou. Esta responde então, antes tímida, e hesitante. Depois, ergue os olhos para ela e a encara atenta: "Vim por ordem da "Nebulosa" para sacrificar-me por alguém que sofra. Treme, diante de seu poder sempre presente." A "Peregrina" lastima a "Douda", cujo estado ela reconheceu a este discurso, mas esta grita: "Não me lamentes, sou a encantada, as alegrias me esperam. Tu, sim, é que eu quero lastimar, tu que violas a lei de Deus e ousas irritar a Nebulosa. Arrepende-te, portanto, que é tempo ainda. És uma criminosa, pois fechas o coração ao amor." A "Peregrina" responde-lhe, então, que está tomada de um santo amor pela natureza, por Deus, pela divindade no homem, pela virtude, por um amor livre de sensualidade. A "Douda" diz-lhe em tom ameaçador: "O reconhecimento também é uma virtude. O trovador que te deu tantas provas de amor e abnegação, tem direito ao teu reconhecimento. Teme a vingança da "Nebulosa", teme a perseguição dos silfos. São os espíritos das mulheres que te fizeram falsos juramentos de amor. Eles te envolverão sempre."

O estrangeiro interrompeu então o discurso, e respondeu tranquilo e orgulhoso : "Não extravagues mais; dize a quem te envia, que persisto no meu "nunca". Quanto a ti, evita o amor. O amor dos homens traz a desgraça, o de Deus é o único que dura e dá a felicidade." Após estas palavras fugiu como um cervo assustado.

Enquanto a "Douda" pensava na maneira por que responderá ao "Trovador", este sai da mata e declara ter ouvido tudo. "Pronunciei minha sentença", disse ele se quiseres rever-me, "apareça à meia noite na rocha negra". Depois desapareceu e a louca repetiu tristemente: "À meia noite."