O Brasil literário: História da literatura brasileira

ora pelas preces mais tocantes, ora pelas imprecações, as mais terríveis, a salvar seu filho e seguí-la até a rocha negra, antes do tombar da lua. Como em sonho, dirige-se à "Peregrina", dizendo: "Salva-o." Profundamente comovida a "Peregrina" atira-se de joelhos, diante da imagem da Madona para pedir seu conselho. Ergue os olhos e vê a lua inundar de seu doce brilho a Virgem, que a encara e parece convidá-la à compaixão. "Sim, é a ordem de Deus. Salvarei teu filho, apressemo-nos" disse, enfim, à mãe do "Trovador."

Ambas correram com a força que dá o amor. De tempos em tempos, encaravam ansiosas a lua, como se suas preces e olhares pudessem retardar seu curso. Mas o astro das noites avança tranquilo e sereno. Vai mais rápido do que as duas mulheres. À sua chegada à rocha negra, a lua desapareceu no horizonte.

O sexto e o último canto, a "Harpa quebrada" descrevem a morte do "Trovador", cuja harpa se quebra como o coração.

À meia-noite, ele chega ao rochedo que galga como um triunfador, a harpa a seu lado. Chegado ao ápice, alivia o coração num longo monólogo. Pensa na morte, na esperança, no amor, na paixão. Depois dirige os pensamentos para sua mãe e sua amada. Os sentimentos de orgulho ofendido e de amor desprezado apoderam-se dele, com uma força sempre crescente e rompem em maldições terríveis contra a ingrata. Mas a visão de sua harpa o abrandou e levou-o a despedir-se desta amiga. Entoa com ela seu canto de cisne. (Hino de morte, em estrofes de seis versos e rimados, com estribilho; ao fim de cada dístico uma das cinco cordas da harpa se quebra.) Esta companheira querida, eco de sua alma, não deve ser profanada por nenhuma voz