O Brasil literário: História da literatura brasileira

estrangeira, deve morrer por suas próprias mãos. O "Trovador" grita: "Adeus, minha harpa!" balança-a três vezes acima de sua cabeça e atira-a com violênia contra o rochedo que a destrói. Depois, como um pai reúne os ossos do filho, o cantor recolhe os fragmentos da harpa quebrada, beija-os, aperta-os até que escapem de suas mãos cansadas. "Vate sem harpa é uma alma sem ideia", grita o ''Trovador" com a voz sufocada.



Vate sem harpa é alma sem ideia;

Harpa quebrada, coração sem vida

Tudo pois consumei agora à morte.




No entanto, repousa ainda uma vez sobre o rochedo, a lua não tinha ainda desaparecido. E silencioso, abismado em seus pensamentos, e, pela última vez, pensa na vida.

De repente, vê uma canoa deslizar sobre as vagas, que o astro das noites ilumina. Aproxima-se do rochedo, de que sai uma mulher de vestes resplandescentes de brancura, alva como o véu de uma noiva, ou como um sudário. Ela galga o rochedo, aproxima-se do "Trovador", detém-se diante dele e encara-o com olhos apaixonados. Mas o cantor não a vê; sua própria dor a faz esquecer a que ela causou aos outros. A ingratidão da "Peregrina" encheu-o de tal modo, que não teve a menor ideia de que estivesse incidindo na mesma culpa.(262b) Nota do Autor