todos na ponta de uma lança, serve de exemplo aos conjurados vindouros. Uma personagem revestida de um grande manto negro aproxima-se apavorada e procura saber se a cabeça é de alguma pessoa querida, envolvida igualmente na conspiração. O longo monólogo que pronuncia, nos revela apenas alguns detalhes. É Marília, a noiva de Gonzaga, já adivinham os que conhecem a história. O poeta, com efeito, não a nomeia. Vê-se então aproximar-se uma segunda pessoa, um velho que começa por louvar o mártir. Depois abate a lança, mostra à sua companheira assustada a cabeça que vem de cair na poeira e grita: "É a cabeça de Tiradentes, a de meu filho!" Afasta-se, então, Marília para dar-lhe sepultura digna.
Este poema é cheio de belezas, mas deve-se convir que não tem nada de épico.
Outros são menos épicos ainda. Apreendemos, em geral, o fato histórico numa visão ou num sonho.
Norberto ensaiou ainda outro gênero épico, a narração poética ("Cânticos Poéticos"), principalmente no conto brejeiro. Seu modelo é La Fontaine. Os assuntos são picantes, mas o poeta está bem longe de haver atingido a graça do grande fabulista.(274) Nota do Autor
Falaremos mais tarde das novelas de Norberto do Sousa e de suas obras dramáticas.