O Brasil literário: História da literatura brasileira

fazer a esse tipo de glórias e gloríolas, é sugestiva. De mais a mais, afora o nosso livro, a produção de Wolf em setores diversos da literatura brasileira é ponderável. De modo a nossa literatura honrar-se sobremaneira em ter, a certa hora, despertado atenção e interesse de Ferdinand Wolf.

Este é um livro de história literária e cumpre o dever mínimo do historiador, o de possuir um método. E este método qual é? Apenas aquele que lhe poderia propiciar a hora romântica; e certa faceta do Romantismo que em Wolf também encontra um dos seus símbolos mais claros.

Para Wolf, romantismo não é subjetivismo, nem lirismo, nem é deliquescência mórbida, não é exagero melodramático, nem loucura. Não é a arte que, no Brasil, está sob o signo de A Noite na Taverna. A sua concepção do fenômeno romântico é mais hígida. Liga-o preponderantemente ao "nacional" na literatura. Daí deduzir-se o sentido de sua crítica. O autor será tanto mais importante, quanto mais tiver contribuído para firmar-se o caráter nacional da literatura, sem o que ela não é digna do nome. Tanto maior, quanto mais "patriota".

E um país como o Brasil poderia prestar-se à maravilha para a experiência da aplicação de semelhante critério que a hora romântica, de certo modo, punha em grande voga e premente presença, sob o rótulo, inclusive, de princípio das nacionalidades — fundamental, no momento. O problema do historiador da literatura brasileira, em Wolf, apresenta-se claro: é preciso, desde o início, ir rastreando os sinais de nativismo (este embrião de nacionalismo) e que os poetas e os escritores vão entremostrando. E faz isto iniciando uma tradição de pesquisa de elementos de brasilidade literária, que, mais tarde, se tornaria um lugar comum em exegeses