desse tipo. Iriam fazê-la, inclusive, um Sílvio Romero, tão cheio de restrições a Wolf e, mais nos nossos dias, o Sr. Nelson Werneck Sodré. No entanto, literatura não é função apenas de "nacionalismo" e não basta apenas ser patriota para ser grande. Wolf tem noção clara do valor dos elementos propriamente estéticos e faz com que figurem decisivamente na apreciação crítica do romance e do poema sobretudo — pois que quase só de poesia é que a sua história pode tratar. Estes valores ele pode chamá-los dicção harmoniosa, originalidade e que, associados ao elemento nativista, estruturam idealmente a obra literária que se preze.
Os elementos brasileiros vão despontando, vão se firmando cada vez mais e, quando chegam ao esplendor mais característico, já é a hora do romantismo, ou personalizando, a hora de Domingos José Gonçalves de Magalhães. Pode-se afirmar que o livro de Wolf dá a impressão de uma pirâmide, cuja base se vem estreitando cada vez mais, terminando num ápice chamado nacionalismo (que, no caso, é praticamente sinônimo de romantismo) e nesta ponta, glorioso como em estátua equestre, o homem de Suspiros Poéticos e Saudades. E mesmo dentro da obra de Magalhães o que há de mais importante não é o que ela possa apresentar de efusões líricas, de lamentos sobre as ruínas romanas, nem de Napoleão em Waterloo, nem de revogação de moldes clássicos peremptos, os de Boileau, as famigeradas três unidades... a grandeza maior de Magalhães está no seu indianismo, e este fulge na Confederação dos Tamoios.
Grande parte do livro é dedicada a Magalhães, o que o transforma numa contribuição de relevo ao estudo desta fase auroral de nosso romantismo. Por aí é que o nosso autor foi incriminado de exagero ou camaradagem