Viagem ao Brasil, 1865-1866

queda, ora, logo adiante, se estende em largo e plácido remanso. Conserva-se sempre cercado de montanhas cuja altura atinge em alguns lugares um a dois mil pés (300 a 600 metros). Aqui e ali uns penhascos mostram ao sol a sua face nua, roída pelo tempo e que as bromélias e as orquídeas sulcam em alguns pontos. Quase sempre, os esplendores da floresta meridional escondem com o seu manto as cicatrizes da rocha, ou então ela se mostra coberta, de alto a baixo, pelos cafezais. É deveras lindo o aspecto duma plantação desse gênero. As linhas regulares desses arbustos arredondados emprestam às encostas das montanhas em que estão plantadas um aspecto vicejante, e as suas folhagens lustrosas fazem, nesta estação, um singular contraste com a cor brilhante de suas cerejas vermelhas. Alguns desses cafezais, todavia, têm um ar de miséria e sofrimento; é quando as folhas estão atacadas por um inseto especial (uma espécie de tineídeo), ou quando a árvore morre de esgotada.

A galope assim pela estrada, assistimos frequentemente a cenas divertidas e pitorescas. Agora é uma tropa de bestas de carga, tropeiro à frente, em grupos de oito tocados cada qual por um homem. O cocheiro da diligência toca então a corneta para prevenir o conjunto da nossa aproximação; estabelece-se a desordem na tropa, e pragas, chicotadas, coices se sucedem até que os animais enfim se arrumam para dar passagem ao carro. Essas tropas começam a rarear; perto do litoral, as vias férreas e as estradas se estendem e multiplicam, tornando assim os transportes mais fáceis; mas, até os últimos tempos era o único meio de levar à cidade os produtos do interior. Caímos, em seguida, no meio de uma coleção de carrinhos rústicos feitos de bambus entrelaçados. O bambu serve aqui para uma porção de coisas; fazem-se deles cercados, tetos, telhados, bem assim como carrinhos.