Viagem ao Brasil, 1865-1866

de travessia, o Sr. Sinimbú, (81)Nota do Autor senador pela província de Alagoas, uma longa conversa sobre a escravidão no Brasil. Parece-me que aqui é oportuno a gente se instruir sobre o grande problema, fonte de tantas perturbações em nosso país, do lugar que se deva conceder à raça preta na sociedade. Os brasileiros, com efeito, ensaiam gradualmente e uma após outra, as experiências que fomos forçados a fazer bruscamente e sem estarmos de forma alguma preparados para elas. Ausência de toda restrição em relação aos pretos livres, sua elegibilidade para as funções, o fato de que todas as carreiras, todas as profissões lhes são abertas, sem que o preconceito da cor os persiga, permite que se forme uma opinião sobre a sua capacidade e aptidão para o progresso. O Sr. Sinimbú acha que o resultado é inteira-mente em favor deles; diz que, no ponto de vista da inteligência e da atividade, os pretos livres suportam muito bem o confronto com os brasileiros e portugueses. Mas é preciso levar em conta, se se quer fazer a mesma comparação no nosso país, que os negros estão aqui em contato com uma raça menos enérgica e menos poderosa do que a anglo-saxônica. O Sr. Sinimbú acredita que a emancipação se deva fazer no Brasil gradativamente e por uma série de progressos dos quais os primeiros já se fizeram. Um grande número de escravos são, todos os anos, libertados pela vontade dos seus senhores; um maior número ainda se resgata pelo seu próprio dinheiro; desde muito tempo que cessou o tráfico; nessas condições é um resultado inevitável que a escravidão se extinga por si. Infelizmente isto não caminha depressa, e a instituição prossegue, sem parar na sua obra infernal: a depravação e o enervamento tanto dos pretos como dos brancos.