Os próprios brasileiros não o negam; a todo instante ouvem-se de sua parte queixas sobre a necessidade que têm de se separarem de seus filhos para mandá-los educar longe da influência perniciosa dos escravos domésticos. De fato, se, do ponto de vista político, a escravidão apresenta no Brasil, mais do que noutra qualquer parte, a probabilidade duma feliz terminação, é nele, sob o ponto de vista moral, que se patenteiam algumas das características mais revoltantes dessa instituição que aí parecem mais odiosas ainda, se possível, que nos Estados Unidos.
Um casamento de negros
Tive ocasião de assistir, faz alguns dias, nas proximidades do Rio, ao casamento de dois negros. O senhor tornara obrigatória então a cerimônia religiosa, ou, antes, irreligiosa, penso eu. A noiva, preta como azeviche, estava vestida de musselina branca e trazia um véu dessa renda grosseira que as negras fazem elas mesmas; o noivo vinha vestido de linho branco. A jovem nubente parecia, e acho que realmente o estava, muito pouco à vontade, porque estavam presentes muitas pessoas estranhas, e a sua posição não deixava de ser embaraçosa. O padre, um português de ar arrogante, olhar ousado, interpelou os noivos, e, com a precipitação menos respeitosa, lhes dirigiu algumas rudes palavras sobre os deveres do matrimônio, interrompendo-as várias vezes para censurar a ambos, e principalmente a ela, porque não praticava os ritos com tanta rudeza e brutalidade como ele. Mais com um tom de imprecação do que de prédica, ordenou-lhes que se ajoelhassem diante do altar; depois, tendo dado a bênção, gritou um amém, jogou ruidosamente o livro das orações sobre o altar, apagou os círios e despediu os recém-casados da mesma forma que teria expulsado um cão para fora da igreja. A moça