Viagem ao Brasil, 1865-1866

habitação está situada a duas milhas do Pará, na Rua de Nazareth. Fomos nela acolhidos com a mais extre-ma bondade. Agassiz pouco se demorou; saiu quase imediatamente depois para a cidade em companhia do ma-jor Coutinho, pois não há tempo a perder e é urgente começar os trabalhos de laboratório.

Quanto a mim, fico na chácara e passo uma manhã encantadora com as senhoras da casa que me fazem conhecer a famosa bebida extraída dos frutos da palmeira açaí. Esses frutos são do tamanho dos da amoreira de espinho e de cor castanho muito escuro. Depois de fervidos, são espremidos e dão um suco abundante de cor púrpura análoga à do suco de amoras. Depois de passado na peneira, esse suco tem a consistência do chocolate. O gosto é enjoativo, mas dá um prato muito delicado quando se lhe ajunta um pouco de açúcar e “farinha d'água”, espécie de farinha dividida em grossos fragmentos, fornecida pelos tubérculos da man-dioca. Na Província do Pará, as pessoas de todas as classes são apaixonadas por essa bebida, e há mesmo um provérbio que diz:

Quem vai ao Pará,

parou...

Bebeu açaí,

ficou.



Arredores do Pará

12 de agosto — Despertamos muito cedo e fomos correr a cidade. Os seus arrabaldes têm merecido um cuidado muito especial, e a Rua de Nazareth, larga avenida que leva deste arrabalde ao centro, está plantada, numa extensão de duas ou três milhas de belas árvores em que predominam as mangueiras. No caminho, notamos uma palmeira de caule esguio que se tornou presa duma enorme parasita que a sufoca num implacável