mas essas margens não são as do grande rio, mas sim os bordos das ilhas inumeráveis que se acham espalhados sobre a superfície de sua imensa extensão. Atravessando este arquipelago, é um encanto para nós contemplar essa vegetação estranha com que teremos ainda de nos familiarizar. A planta que atrai logo a nossa vista e se alteia nessa massa de verdura, com maravilhosa majestade e graça, é a esbelta e elegante palmeira açaí, coroada por um penacho de folhas ligeiras, sob o qual os tufos de seus frutos, semelhando bagas, pendem num galho quase horizontalmente projetado. Aqui e ali, na margem, algumas casinhas interrompem a solidão. Da distância que estamos, com seus tetos de palha saídos e inclinados sobre uma espécie de galeria aberta, elas têm um aspecto muito pitoresco. Agora mesmo, estamos passando em frente de uma pequena clareira situada à beira d’água e onde uma cruz de madeira indica uma sepultura. Que solidão em volta dessa sepultura única!
Percorremos agora as costas da Ilha Marajó e nos achamos ainda no que se chama o Rio Pará; só depois de amanhã devemos entrar nas águas incontestadas do Amazonas. A parte do rio em que estamos costuma ser designada também pelo nome de Baía de Marajó.
Vila de Breves
21 de agosto — Atingirmos ontem à noite a nossa primeira estação, a pequena Vila de Breves. A sua população, como a de todos os pequenos estabelecimentos do Amazonas inferior, é o produto da mistura das raças. Veem-se aí os traços regulares e a pele clara do homem branco, a grosseira e lisa cabeleira preta do índio, ou então as formas metade de negro, metade de índio que apresentam os mestiços cujos cabelos não possuem mais