e dum violino se instalou, e abriu-se o baile. As "belas da floresta" sentiram a princípio um certo embaraço sentindo os olhares sobre elas dos estrangeiros, mas não tardaram em se decidir e as danças se animaram. Todas estavam vestidas de branco — saia de chitão e musselina, corpete folgado de algodão, guarnecido em volta do colo com uma espécie de renda, que elas próprias fabricam puxando os fios da cambraia ou da musselina de maneira a formar uma variedade de rede na qual os fios restantes são tomados pela agulha e presos uns aos outros. Algumas dessas rendas são muito finas e delicadas. A maior parte das dançarinas estava penteada com um galho de jasmim branco ou com rosas presas ao cabelo, e algumas traziam colares e brincos de ouro.
Caráter das danças
As danças se diferençavam das que assistimos em casa de Esperança; eram muito mais animadas, porém as damas conservavam aquele mesmo ar impassível que já assinalei. Nunca vi a mulher nesses divertimentos dos índios, demonstrar faceirice provocante; é o homem que solicita; ele se atira aos pés da dama sem lhe arrancar um gesto ou um sorriso; pára, finge que está pescando, e a sua pantomima indica que ele está pescando a moça na ponta do seu anzol; em seguida, gira em torno dela, fazendo estalar seus dedos como castanholas, e termina por agarrá-la pela cintura com os seus dois braços. Mas ela continua fria e como que indiferente. Em certos intervalos, os pares se unem numa espécie de valsa, mas é só de passagem e por alguns segundos. Que diferença da danças dos negros a que tantas vezes assistimos nos arredores do Rio! Nessas, é a dama que provoca o seu cavalheiro, e os seus gestos não guardam sempre uma modéstia perfeita.